A violência doméstica, o abuso sexual e a fuga à paternidade são alguns dos vários problemas com que se debatem as mulheres angolanas com impacto no seu desenvolvimento.
Elas também apontam ainda a falta de emprego que afeta centenas de mulheres que, mesmo já com formação académica ou profissional, acabam sem ocupação pela fraca resposta do mercado.
Na província da Huíla a realidade não é diferente.
Lúcia Salesso, que responde pela Associação das Mulheres Zungueiras, revela que estão entre as que mais sofrem para lutar pela dignidade quando no exercício de sua atividade são obrigadas a travar conflitos com a fiscalização.
“Um dos melhores sonhos das mulheres (zungueiras) é estarem legalizadas principalmente parar com os conflitos com a fiscalização. Enquanto não estivermos legalizadas estamos na fase de dialogar, compreensão, mas não está a ser fácil”, afirma Salesso.
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Catarina Nunes é de uma organização religiosa e destaca o reconhecimento que a sociedade vê na mulher em Angola.
“A mulher deve demonstrar quem ela é e qual o seu valor, nós neste momento estamos a gostar o valor que o Governo está a atribuir às mulheres cristãs. Ontem não foi fácil uma mulher estar diante de uma população”, destaca Nunes.
Por seu lado, Argentina Mande considera que em África e em Angola em particular as mulheres vão se destacando desde a política, passando pela economia à cultura e ao desporto, mas admite que há ainda muito a fazer.
Para ela, a ascensão da mulher não precisa de conflituar com o homem.
“Há quem pense que a mulher ao se firmar tem que tirar a autonomia do homem para ela mostrar o seu valor. Nós lutamos pela igualdade e equidade do género nós queremos um equilíbrio apenas não que a mulher pise no homem que a mulher entre num ringue de luta de boxe para conquistar não é necessário. Existem os extremos mas é preciso haver um equilíbrio”, sustenta Mande.
A vice-governadora da Huíla, Maria Tchipalavela, reconhece o papel da mulher na estabilidade das famílias e salienta por exemplo a sua contribuição no sucesso da agricultura familiar.
“As mulheres hoje precisam de cada vez mais estudar e podemos perceber que não estamos só a falar do ensino superior, estamos a falar de mulheres técnicas. São estas mulheres do continente que devemos olhar para elas como agentes de mudanças”, conclui Tchipalavela.