Ao falar num comício no Huambo, Adalberto Costa Júnior disse que só a corrupção pode explicar a baixa qualidade das estradas construídas no país e responsabilizou também as instâncias judiciais por nada fazerem para pôr fim à corrupção.
“Não é aceitável que as estradas caríssimas de Angola, porque são muito caras, são das mais caras do mundo, cai a primeira chuva, ainda se aguentam. Quando começa a cair a segunda chuva, você começa a ver a terra que está abaixo, do milímetro e meio ou dois milímetros de asfalto”, afirmou.
E acrescentou: “Porquê? Porquê? Porque o dinheiro ficou no bolso dos governantes. Porque o roubo não pára neste nosso país”.
Costa Junior responsabilizou os tribunais de não fazerem justiça, por dependerem sempre de ordens superiores. “Porque os nossos tribunais não funcionam. Porque nesta Angola não há justiça”, acusou o líder da oposição, para quem “aqueles senhores que estão sentados em muitas cadeiras dos órgãos de fiscalização da governação têm medo”.
O presidente da UNITA afirmou ainda que “a primeira coisa que dizem quando são chamados é elogiar o presidente. Graças à inteligência do chefe de Estado, graças à iniciativa do presidente da República”.
Em resposta às críticas sobre a má qualidade das estradas feitas pelo líder da oposição, a Voz da América procurou obter um posicionamento de Carlos Alberto da Silva Gregório dos Santos, ministro das Obras Públicas, Urbanismo e Habitação, que prometeu pronunciar-se mais tarde.
Por outro lado, o porta-voz da Procuradoria-Geral da República, Álvaro João, negou qualquer conluio entre membros do Ministério Público (MP) e governantes envolvidos na alegada sobrefraturação das obras públicas.
“Claro que não pode haver essa conivência porque o MP não fiscaliza as atividades dos governantes ou do governador. Não fiscaliza logo diretamente. Ele vai surgir a fiscalizar num momento posterior, em que haja uma ação, ou indício de alguma prática, de algum desvio à finalidade do erário, ou então alguma má gestão deste património”, disse Álvaro João.
O procurador mencionou, ainda, que, apesar de o MP não fiscalizar as obras, existem vários processos em curso que visam responsabilizar governantes angolanos envolvidos na alegada sobrefaturação.