A paralisação é já na próxima semana. Centrais sindicais pedem aumentos salariais e acusam o Governo de fugir ao diálogo. Apelam ainda a uma adesão em massa dos trabalhadores, incluindo do setor privado.
Fonte: DW
Desta vez, serão oito dias de paralisação nos setores público e privado, de 22 a 30 de abril.
O porta-voz das centrais sindicais diz que continua a não haver consenso com o Governo sobre a atualização dos salários face à diminuição do poder de compra. E apela à adesão à greve.
“Vendendo os nossos esforços, vendendo o nosso conhecimento, temos de receber alguma coisa para sustentarmos as nossas famílias. Esta é a razão da nossa luta. Segunda-feira, todos, mas literalmente todos, devemos parar”, afirmou Teixeira Cândido esta quinta-feira (18.04).
Sindicatos acusam Governo de indiferença
Esta é a segunda paralisação convocada pela Central Geral de Sindicatos Independentes e Livres de Angola (CGSILA), pela União Nacional dos Trabalhadores Angolanos – Confederação Sindical (UNTA-CS) e pela Força Sindical – Central Sindical (FS-CS).
Desde outubro até agora, as partes reuniram sete vezes para discutir as exigências dos trabalhadores. Mas os sindicatos consideram que isso é pouco.
“Há uma indiferença da parte do Governo a que obviamente temos de responder com uma paralisação. Todos, de Cabinda ao Cunene, devemos paralisar na segunda-feira”, apelou Teixeira Cândido.
Greves até haver um entendimento
A primeira fase da greve, em março, ficou marcada por detenções de trabalhadores, além da denúncia de coações e cortes salariais. As centrais sindicais afirmam que vão processar criminalmente as instituições que violaram a lei da greve.
O presidente do Sindicato Nacional dos Médicos de Angola, Adriano Manuel, diz que a “fome” obriga à greve. Garante ainda que as centrais sindicais estão nesta luta para vencer.
“Não temos alternativa senão partir para esta greve. Vamos partir para a terceira, se necessário for, e vamos partir para outras que estão em manga. Não vamos deixar em paz esse Governo enquanto não nos pagar o salário que deve”, disse o pediatra.
O secretário-geral da CGSILA, Francisco Jacinto, esclarece que a greve não é só dos trabalhadores da Função Pública: “O conceito de greve geral implica toda a gente, seja do setor público, como do setor privado”.
Governo “não pode dar o que não tem”
O Governo nega, no entanto, que esteja a fugir ao diálogo, como acusam os sindicatos. A ministra da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, Teresa Dias, diz que o problema não é reunir com as centrais, mas ter “dados”.
“O problema é termos dados que possam aproximar as perspetivas apresentadas pelas centrais sindicais. Como sabemos, os pontos estruturantes são no domínio das finanças públicas e nós não podemos dar o que não temos”, disse a governante.
As centrais sindicais anunciaram, entretanto, que os funcionários não vão comemorar o dia 1 de maio, Dia Internacional do Trabalhador, pois dizem não haver atualmente motivos para isso.