A Amnistia Internacional (AI) acusou hoje a Etiópia de utilizar o estado de emergência, justificado com os combates na região central de Amhara, para silenciar a oposição através da detenção arbitrária de políticos e jornalistas.
“O Governo etíope tem de deixar de recorrer à velha tática de negar direitos básicos sob o pretexto de leis de emergência”, afirmou o diretor da AI para a África Oriental e Austral, Tigere Chagutah, num comunicado da Amnistia.
Chagutah declarou que, numa altura em que a Etiópia enfrenta um conflito armado em Amhara, problemas de segurança na região de Oromia e uma grave crise humanitária na região de Tigray, “o papel dos meios de comunicação social e o direito à liberdade de expressão são mais importantes do que nunca”.
Pelo menos cinco políticos e três jornalistas foram detidos “sem culpa” durante o estado de emergência, de acordo com os seus familiares citados pela AI.
Segundo a organização não-governamental, desde 4 de agosto, data em que foi anunciado o estado de emergência, os meios de comunicação social etíopes têm noticiado detenções em massa na capital, Adis Abeba (foto), e em Amhara.
Em 6 de agosto, o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, confirmou a detenção de milhares de pessoas, mas disse que muitas foram libertadas depois de terem sido “educadas”.
Centenas de pessoas continuam detidas, segundo Abiy.
As autoridades etíopes “devem respeitar as leis nacionais do país e as obrigações internacionais em matéria de direitos humanos, apresentando queixa ou libertando todos os detidos ao abrigo do estado de emergência”, afirmou Chagutah.