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Moçambique enfrenta novas ondas de protestos: “População vai viver os danos colaterais”

Maputo – Em Moçambique, a recente convocação de protestos pelo candidato Venâncio Mondlane, prevista para iniciar no dia 13 de novembro, reacende o debate sobre os impactos dos levantes populares e seus efeitos sobre a população. Em meio a reivindicações contra fraudes eleitorais e abusos de poder, o sociólogo Hélder Jauana adverte que, apesar dos possíveis benefícios políticos, a população poderá arcar com os danos colaterais dessa mobilização.

Segundo Hélder Jauana, as manifestações, embora representem um instrumento legítimo de pressão política, também carregam o risco de intensificar a situação de pobreza no país. Ele destaca que a economia de Maputo, profundamente conectada à economia sul-africana, poderá sofrer duramente, levando muitas famílias a enfrentarem dificuldades financeiras. “A cidade de Maputo depende muito da economia sul-africana, e os protestos vão colocar muita gente em aflição,” afirmou o sociólogo.

Apesar de reconhecer a legitimidade da pressão sobre o partido no poder, Jauana chama atenção para o alto custo social dos protestos. “Em um país muito pobre como Moçambique, as consequências sociais dessas manifestações precisam ser analisadas com seriedade. Já temos famílias em situação desesperadora e pessoas necessitando de assistência médica,” alerta. Ele frisa que, enquanto há ganhos políticos, quem verdadeiramente sofre são os cidadãos, que enfrentam os “danos colaterais” de um contexto marcado por instabilidade e incertezas.

Para Hélder Jauana, o sucesso de qualquer diálogo entre as forças políticas depende do respeito às instituições de justiça. Ele menciona a importância de estruturas democráticas fortes como alicerces para diálogos efetivos. “Não haverá nenhum diálogo útil se não houver respeito às instituições que existem,” defende, sublinhando que a falta de transparência e confiança nas instituições públicas enfraquece a capacidade de resolução de conflitos.

O sociólogo aponta que o processo de negociação e diálogo entre forças políticas muitas vezes ocorre nos bastidores e longe dos olhos do público. “A política pública é uma coisa, mas o que importa é o que acontece nos bastidores,” comenta. Ele questiona se as lideranças políticas estão, de fato, se esforçando para um entendimento, ou apenas prolongando a situação enquanto esperam que a outra parte desista. Segundo Jauana, o tempo revelará o andamento das tratativas, embora a transparência sobre essas interações seja crucial para gerar confiança no processo.

Moçambique enfrenta um momento delicado, onde a população se vê dividida entre a esperança de uma resposta política e os desafios impostos pelos protestos. Em meio às incertezas, o país aguarda por um possível desfecho que possa aliviar as tensões e, ao mesmo tempo, minimizar os impactos sobre os cidadãos comuns. No entanto, como observa Jauana, o compromisso com o diálogo e o fortalecimento das instituições democráticas será fundamental para um futuro mais estável e justo.