Cotonou – O Presidente do Benim, Patrice Talon, assegurou esta segunda-feira que a situação no país “está totalmente sob controlo”, após uma tentativa de golpe de Estado ocorrida no domingo, protagonizada por um grupo de militares que chegou a anunciar a destituição do chefe de Estado através da televisão pública.
Num discurso televisivo dirigido à Nação, Talon pediu calma à população e afirmou que a segurança está garantida em todo o território. “Convido-vos a prosseguir serenamente com as vossas atividades. A ordem pública será mantida”, declarou.
Na manhã de domingo (07.12), militares que se identificaram como “Comité Militar para a Refundação” ocuparam a estação estatal e comunicaram a suposta dissolução do Governo. Pouco depois, as autoridades, através do ministro do Interior, confirmaram que a tentativa de golpe tinha sido neutralizada.
Segundo fontes militares, pelo menos 13 elementos envolvidos na ação foram detidos.
O Presidente Talon agradeceu às forças armadas pela resposta rápida, elogiando “o sentido de dever” dos comandos que permaneceram fiéis à ordem constitucional. Garantiu ainda que os responsáveis pela rebelião serão responsabilizados. “Esta traição não ficará impune”, disse.
A União Africana e a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) repudiaram a tentativa de golpe, classificando-a como um ato de “subversão da vontade popular”. A CEDEAO anunciou o envio imediato de elementos da sua força de reserva para reforçar a segurança no país.
Analistas ouvidos pela DW consideram o episódio incoerente com o atual percurso democrático do Benim. O especialista em comunicação e governação, Regis Hounkpè, classificou a intentona como “incompreensível e absurda”, lembrando que o país, apesar das dificuldades, tem consolidado o processo democrático.
O ex-ministro da Justiça do Mali, Mamadou Ismaïla Konaté, lamentou que persistam tentativas de derrube de governos eleitos na África Ocidental. “Esses tempos deveriam ter terminado no continente”, afirmou, defendendo que nenhuma insatisfação justifica o recurso às armas para substituir lideranças democraticamente escolhidas.
Apesar de ter registado vários golpes após a independência em 1960, o Benim vive um período de estabilidade política desde 1991. Patrice Talon governa desde 2016 e deverá concluir o segundo mandato em abril do próximo ano. Recentemente, o Parlamento aprovou a extensão da duração do mandato presidencial de cinco para sete anos, mantendo o limite de dois mandatos consecutivos.
