by Marcelino Gimbi

A Metuge, Moçambique – Uma dirigente distrital de Metuge está a ser acusada de desviar produtos alimentares destinados a famílias deslocadas pelos ataques terroristas em Cabo Delgado. O caso, que envolve cerca de meia tonelada de mantimentos, está a provocar forte indignação entre ativistas dos direitos humanos.

A suspeita, que exerce funções de chefia na Direção Distrital de Infraestruturas de Metuge — entidade que localmente assume competências do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) — foi detida pelo Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC), juntamente com um segundo implicado.

Segundo as autoridades criminais, o desvio foi identificado após denúncias recebidas pelo serviço. “Constatámos que produtos essenciais, como arroz, óleo, açúcar e farinha de milho, doados pelo INGD para apoiar deslocados vítimas do terrorismo, estavam a ser desviados”, explicou o investigador Orlando Pacela.

Os detidos foram apresentados ao Tribunal Judicial de Metuge, mas acabaram libertados no dia seguinte, devendo responder ao processo em liberdade. Nenhum dos arguidos prestou esclarecimentos, limitando-se a negar conhecimento dos factos.

A decisão judicial provocou indignação entre organizações civis. Abdul Tavares, ativista do Centro para Democracia e Direitos Humanos (CDD), classificou o episódio como “um escândalo de grandes proporções”, sobretudo perante a persistente crise humanitária na província.

Para o ativista, o facto de a suspeita ter responsabilidades diretas na gestão da assistência agrava a gravidade do caso. “É chocante ver alguém que deveria aliviar o sofrimento de deslocados — que diariamente se queixam de fome e das condições dos centros de reassentamento — ser acusado de subtrair alimentos. Isto revela falhas graves do Estado na proteção das vítimas do extremismo violento”, afirmou.

Tavares alerta que o episódio não pode ser tratado apenas como um crime vulgar. “Estas práticas atingem diretamente famílias que dependem da ajuda para sobreviver. Mancham a imagem das organizações humanitárias e do próprio Estado e aprofundam a vulnerabilidade das pessoas que já estão em situação crítica”, sublinhou.

O ativista lembrou ainda que denúncias semelhantes já ocorreram na região, incluindo esquemas de venda ilegal de senhas de acesso à ajuda alimentar no mercado paralelo.

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