A Mota-Engil recebeu um importante sinal de apoio dos Estados Unidos, que demonstraram disponibilidade para financiar até mil milhões de dólares a participação da empresa portuguesa na reabilitação e operação da linha férrea entre Dilolo e Sakania, na República Democrática do Congo (RDC). O projeto integra o corredor logístico que conecta o território congolês ao Corredor do Lobito, em Angola, uma rota estratégica para o escoamento de minerais como cobre e cobalto.
O compromisso norte-americano foi formalizado através de uma carta de intenções assinada entre a Development Finance Corporation (DFC) e a Mota-Engil, anunciada na última sexta-feira, durante a cerimónia em que a RDC e o Ruanda assinaram um acordo de paz. Uma segunda carta de intenções prevê ainda apoio a uma joint venture entre a estatal mineira congolesa Gécamines e a Mercury Energy Trading, voltada para reforçar a comercialização de minerais críticos.
De acordo com a DFC, os acordos agora firmados surgem para aprofundar a cooperação dos Estados Unidos com a RDC e o Ruanda, com foco no fortalecimento das cadeias de abastecimento, na segurança económica e na promoção de mercados transparentes e competitivos. Washington sublinha que estas iniciativas estão alinhadas com o objetivo de reduzir a dependência global de canais de fornecimento vulneráveis, especialmente no domínio dos minerais críticos, considerados essenciais para a economia norte-americana.
Embora a adjudicação final dependa de um concurso público a ser lançado pela RDC, o apoio financeiro garantido pela DFC coloca a Mota-Engil numa posição favorável para avançar com a obra, que beneficia do aval político dos Estados Unidos e da garantia de financiamento externo.
A linha Dilolo–Sakania tem importância estratégica para o setor mineiro congolês. Dilolo situa-se na fronteira com Angola, enquanto Sakania fica próxima das áreas de exploração mineral do Catanga, sendo um dos principais pontos de saída de cobre, cobalto e outros recursos extraídos na região. Integrada ao Corredor do Lobito, a rota oferece uma alternativa logística competitiva para o transporte de minerais rumo ao Atlântico.
O projeto reforça a presença da Mota-Engil em África e integra uma visão mais ampla dos EUA de reorganizar e diversificar cadeias de fornecimento globais, tendo como prioridade o acesso seguro e estável a matérias-primas estratégicas.
