O Tribunal de Tizi Ouzou, no leste da Argélia, analisa esta quarta-feira o recurso apresentado pelo jornalista francês Christophe Gleizes, condenado em junho a sete anos de prisão por “apologia ao terrorismo”. A defesa mostra-se confiante numa redução significativa da pena, cuja decisão deverá ser anunciada ainda hoje.
Gleizes foi detido após manter contacto com um dirigente da JS Kabylie que, segundo as autoridades argelinas, também integrava o Movimento para a Autodeterminação da Cabília (MAK), organização classificada como terrorista pelo governo argelino. A acusação sustenta que esta ligação constitui apoio indireto ao movimento.
A defesa, apoiada pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), rejeita as acusações e explica que o contacto em causa é antigo e relacionado apenas com uma reportagem realizada pelo jornalista em 2024. Segundo a RSF, as mensagens trocadas eram de teor exclusivamente profissional.
O caso ganhou novo fôlego após a libertação recente do escritor franco-argelino Boualem Sansal, resultado de mediação diplomática da Alemanha — um gesto visto pelos advogados como um sinal de abertura das autoridades argelinas.
Além das acusações de “apologia ao terrorismo”, Gleizes é também acusado de ter entrado na Argélia com visto de turista enquanto exercia atividade jornalística, prática considerada irregular pelas autoridades.
Jornalista e escritor, Christophe Gleizes dedicou grande parte da sua carreira ao futebol africano e escreve regularmente para várias publicações francesas. A comunidade internacional acompanha de perto o desfecho do caso, que ocorre num contexto sensível das relações diplomáticas entre Paris e Argel.

