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Corrupção e Conexões Empresariais em Angola: O Império de Óscar Tito Cardoso Fernandes

O setor da construção civil em Angola tem sido uma peça-chave na reconstrução do país pós-guerra, mas também é um terreno fértil para disputas de poder, interesses obscuros e corrupção. Um nome que se destaca nesse contexto é o de Óscar Tito Cardoso Fernandes, um empresário envolvido em diversas empresas e conhecido por sua influência em contratos com o Estado. Neste primeiro artigo, vamos explorar as conexões e a rede de relações que cercam este personagem e como ele se tornou um dos principais protagonistas da infraestrutura angolana.

Óscar Tito Cardoso Fernandes, cuja trajetória empresarial se confunde com o próprio crescimento do setor de construção civil em Angola, é um dos nomes mais mencionados em diversas edições do Diário da República. A empresa ENGEVIA – Construção Civil e Obras Públicas, Lda, é uma das mais notáveis em seu portfólio. No entanto, suas conexões empresariais vão muito além dessa companhia. Fernandes, descrito por alguns como um “alpinista” e conhecido como “O Mafioso”, figura entre os empresários que movimentam milhões de dólares em contratos com o governo angolano, especialmente relacionados à reconstrução do país.

Com laços estreitos com figuras influentes, como o ministro de Estado Edeltrudes Costa, e com antigos altos responsáveis do Instituto Nacional de Estradas de Angola (INEA), Fernandes criou um verdadeiro império no setor. Sua fortuna está diretamente ligada a diversos contratos e parcerias, inclusive com a China, para obras de infraestrutura essenciais, como viadutos e estradas.

A relação de Óscar Tito Cardoso Fernandes com o governo de Angola é um dos pontos centrais em sua trajetória empresarial. Em 2014, ele foi favorecido por um despacho presidencial que autorizou a assinatura de contratos de reabilitação de estradas nas províncias do Uíge e Bié, com valores que ultrapassam os nove bilhões de Kwanzas. Esses contratos foram atribuídos à ENGEVIA, empresa de Fernandes, o que lhe garantiu um fluxo de dinheiro proveniente de empréstimos chineses destinados à reconstrução do país.

Além disso, sua influência no setor de construção é ampliada por meio de conexões com outros empresários e políticos de peso. A proximidade com Edeltrudes Costa, diretor do Gabinete do Presidente da República, João Lourenço, é vista como fundamental para garantir sua posição privilegiada no mercado angolano.

A proteção de Óscar Tito Cardoso Fernandes por Edeltrudes Costa é uma peça crucial neste quebra-cabeça de interesses econômicos e políticos. A relação entre ambos remonta ao projeto de construção de um luxuoso empreendimento no Kikuxi, em parceria com a OMATAPALO, ligada ao governador de Luanda, Luís Nunes. Esses laços empresariais têm gerado acusações de conflito de interesses e favorecimento, o que levanta sérias questões sobre a transparência e a legalidade dos processos envolvidos.

A proximidade com figuras como Joaquim Sebastião, ex-diretor do INEA, e a constatação de pagamentos substanciais em esquemas envolvendo grandes somas de dólares são apenas a ponta do iceberg. Essas relações complexas estão no centro das investigações que buscam desvendar as reais dimensões da fortuna de Fernandes e sua conexão com o poder político em Angola.

Óscar Tito Cardoso Fernandes não se limita ao mercado angolano. Além de sua atuação no país, ele mantém conexões com diversos empresários internacionais, como os de Portugal, Brasil e outros países. Suas empresas, como a BDM Engenharia e a ENGEVIA, possuem filiais e escritórios na zona de Talatona, em Luanda, e também no exterior. A ENGEVIA, por exemplo, explora recursos minerais nas Lundas, onde sua influência é praticamente incontestável, o que reforça sua posição como um dos empresários mais poderosos de Angola.

Apesar das acusações que cercam Óscar Tito Cardoso Fernandes e as conexões com figuras do governo angolano, as autoridades parecem pouco dispostas a investigar as suas atividades. Tanto a Inspeção Geral da Administração do Estado (IGAE) quanto a Procuradoria Geral da República (PGR) têm se mostrado relutantes em confirmar qualquer investigação em curso, deixando muitas questões sem resposta.

Enquanto isso, o empresário segue sendo uma figura de destaque no cenário econômico de Angola, protegido por sua rede de relações e negócios. O segredo por trás de sua fortuna e das conexões políticas que o sustentam continua a ser um mistério, mas tudo indica que a verdadeira extensão de seu império e os impactos dessas relações ainda estão longe de ser totalmente revelados.

O caminho para desvendar os contornos da fortuna de Óscar Tito Cardoso Fernandes está repleto de desafios, especialmente em um país onde os laços entre o empresariado e o poder político são tão estreitos. Contudo, uma investigação mais profunda sobre seus negócios e os de seus sócios pode ser a chave para entender a verdadeira dinâmica de poder e os conflitos de interesse que permeiam o setor de construção em Angola.

O caso de Óscar Fernandes é um exemplo claro de como as relações empresariais e políticas podem se entrelaçar de forma complexa, tornando a transparência um luxo escasso em muitas áreas da economia angolana. Para que o país avance em direção a uma governança mais justa e equitativa, é fundamental que as autoridades tomem medidas para investigar e responsabilizar aqueles que abusam de sua posição para enriquecer às custas do Estado e da população.